Tuesday, July 25, 2006

Manual de Nutrição

Manual de nutrição do desportista.



1- NUNCA treine em jejum, ou com intervalo maior do que 4 horas entre a última refeição e o treino. Um pequeno lanche pode ser um copo de sumo acompanhado de duas bolachas de água, porém se houver tempo suficiente para a digestão, faça sua alimentação normalmente.

2- EVITE alimentos com gordura na refeição que antecede o treino, como por exemplo fritos, carnes gordas, creme de leite, queijos e presunto.

3- EVITE muitas fibras antes do treino, evitando por exemplo refeição à base de frutas, verduras e cereais integrais.

4- HIDRATE-SE sempre. O corpo só pede água quando ela já acabou. A sede é sinal de desidratação. Tome sempre aos poucos e por todo o dia.

5- SEMPRE, leve água para o treino, deixe por perto um pouco de água pura. Devemos beber no mínimo 300 ml de água por treino.

6- CRITÉRIO : As bebidas isotônicas são repositoras, por isto, são indicadas após treinos e competições para REPOR as perdas de sais e líquidos.

7- SEMPRE reponha os gastos musculares, após treinos fortes prefira alimentos à base de carbohidratos, para repor o glicogênio dos músculos, como por exemplo pães, massas, arroz ou batatas.

8- MANTENHA o equilíbrio calórico. O excesso de peso corporal proveniente de gordura corporal, pode ser por ingestão aumentada das calorias necessárias, ou má distribuição entre as gorduras, os carboidratos e as proteínas.

9- AVALIE a perda de peso. A perda de peso rápida pode ser às custas de desidratação e consequentemente, perda de massa muscular. Certifique-se de que houve perda eficiente da gordura corporal, se este for o objetivo.

10- NÃO consuma suplementos sem indicação de um profissional habilitado.

Friday, July 14, 2006

Creatina

Alta performance com a Creatina Índice

A função específica dos suplementos é fornecer a quantidade exacta de determinada substância, que dificilmente seria adquirida naturalmente. A creatina é um suplemento que deve ser dirigido para os atletas que buscam alta performance em vários desportos, e não só para a musculação. A creatina é indicada para os atletas que buscam melhorar a sua performance e que desempenham actividades de alta intensidade e curta duração. O principal motivo da utilização da creatina é que ela ajuda a gerar a energia que os músculos necessitam, principalmente quando acontecem movimentos rápidos e explosivos. Por causa das suas características, a creatina deixou de ser um suplemento só utilizado pelos culturistas, saindo dos ginasios de musculação e tornando-se comum em vários desportos.

É o caso do futebol, andebol, vôlei, algumas especialidades do atletismo, entre outros. Mas atenção, os benefícios só serão alcançados se a utilização da creatina for acompanhada de exercícios físicos freqüentes, com cargas adequadas, e uma dieta balanceada. Também conte com a supervisão de médicos e nutricionistas para a preparação de um planeamento individualizado. Antes de qualquer coisa, é necessário saber o que é a creatina, qual a sua verdadeira finalidade e a utilização no organismo humano. Há registos de estudos da creatina no ano de 1835, quando ela foi identificada em um pedaço de carne. Nos anos 30 e 40, o estudo sobre os benefícios da utilização da creatina intensificou-se, mas ficou disponível apenas para a classe médica, não atraindo o interesse de outros sectores na época. Nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1982, surgiram os primeiros atletas que afirmavam melhorar seu rendimento graças ao uso da creatina. A grande explosão, que resultou na popularização deste suplemento, aconteceu realmente após os Jogos Olímpicos de Atlanta, quando vários atletas citaram o suplemento alimentar como um dos responsáveis pela melhoria das suas marcas. Desde então, a creatina ganhou seu espaço e foi divulgada mundialmente.

O que é a Creatina
A creatina é um catalizador de energia formado pela união de tres aminoácidos: glicina, arginina e metionina. Resumindo, sua formação ocorre pela união entre a arginina e a glicina no rim, que leva à formação de um outro composto, a glicociamina, que vai para o fígado onde passa por uma reação química (a metilação) formando finalmente a creatina. Portanto, a creatina pode ser formada pelo próprio organismo ou ser adquirida a partir da ingestão de carnes, ou ainda pela suplementação. O único problema é que para cada 1 kg de carne consumido, o organismo extrai apenas 5 g de creatina. A quantidade produzida naturalmente é insuficiente para as necessidades de um atleta. Evidencia-se aqui, a necessidade de suplementação alimentar para os atletas de alta performance. A creatina está diretamente ligada à síntese de ATP. A ATP (adenosina trifosfato) é a unidade básica de energia para todas as células do nosso organismo,portanto muito importante durante as contracções musculares.
Durante a quebra da ATP para libetração de energia utilizada pelo nosso organismo, ocorre a formação do ADP (adenosina difosfato), que nada mais é que a própria ATP, sem um composto de fosfato. Para a utilização da ATP como fonte de energia é necessário a sua ligação com o composto fosfato, e suas principais fontes para ressíntese de ATP são os carbohidratos e as gorduras, que fazem isto de maneira gradual. É aqui que entra a importância da creatina. No nosso organismo, a creatina está acoplada a um composto fosfato, formando o complexo creatina-fosfato (CP). Sempre que ocorre a queda de ATP, e formar a ADP, a creatina- fosfato está apta a doar rapidamente seu fosfato para a ADP, restabelecendo a síntese de ATP (ADP + P) de forma muito mais rápida, privilegiando aqueles músculos que estão em constante movimento, como os dos atletas profissionais.

Indicações
A creatina é indicada para os atletas que precisam melhorar seu desempenho nos desportos que exigem esforços de potência prolongados e intensos, explosão, velocidade ou força. Por isto, o uso da creatina saiu dos ginasios de musculação e passou a ser indicado para os atletas profissionais que praticam futebol, basquete, vôlei, andebal, remo, atletismo, entre outros. O suplemento proporciona um aumento nas medidas musculares e um aumento no ganho de força. Se você não pratica actividades físicas não deve tomar creatina, pois o ganho de peso será devido à retenção de água e o aumento da força será inespressivo.

Musculação & Alcool

Actualmente, os ginasios estão ficando cada vez mais lotados com um público atrás de resultados mais imediatos em relação ao ganho de massa muscular e definição. Muitos são os cuidados que todos devem ter para que seus objetivos sejam alcançados: uma boa noite de sono, dieta e actividade física personalizada, correcção hormonal, uso correcto e somente quando necessário de suplementos alimentares, entre outros.

Uma das grandes vilãs neste aspecto é a bebida alcoólica. Teses e estudos recentes comprovam que o álcool é hiper-estrogênico, ou seja, nas mulheres, faz o seu fígado produzir muito hormônio feminino (estradiol/estrona), e nos homens, esse efeito silencioso é refletido na inibição dos receptores da testosterona no tecido muscular e hipotálamo. Neste último os danos são ainda mais graves, eles treinam e a fibra somente fica "inchada", a força não vem, a fadiga e a agressividade aumentam, libido e ereção diminuem cada vez mais.

Esse inconveniente é ocasionado quando a testosterona é metabolizada no fígado, o álcool desvia sua metabolização para o estradiol (hormônio feminino) e agrava-se com uso abusivo de suplementos alimentares. Estes sobrecarregam o fígado e os rins, formando uréia e amônia, a primeira lesa o fígado e a segunda altera o metabolismo cerebral, com irritabilidade, agressividade, psiquismo agravado.

Poucos profissionais dominam esse assunto, saber interpretar os resultados dos exames exige muita experiência. Além disso, não passe mais de três semanas com o mesmo programa de treino, faça um check-up hormonal, principalmente dos hormônios produzidos pelas gônadas e hipotálamo, cortisol dosados às 8:00h e 16:00h.

Procure médicos, nutricionistas e professores de Educação Física especializados na área.

Overtraining

Com a crescente explosão do profissionalismo desportivo e a super valorização do corpo perfeito, a busca pelos melhores resultados tem levado atletas e praticantes de actividades físicas a realizarem altos volumes de treinamento. Porém, ao invés de trazer benefícios, o excesso de estímulos impede as adaptações fisiológicas e pode levar ao overtraining, um sério problema que acontece quando o organismo é submetido a uma sobrecarga exagerada sem que haja o devido descanso, levando a graves alterações cardiovasculares, metabólicas, hormonais, motoras e psicológicas que causam estagnação ou perda significativa de desempenho (Kuipers, 1996). Estudos revelam que além da sobrecarga imposta pelos treinos, outros fatores também podem predispor o indivíduo à síndrome do overtraining, como: muitas competições anuais, treinos monótonos e repetitivos, condições patológicas pré-existentes, nutrição inadequada e, principalmente, a falta da orientação de um profissional de educação física especializado.

Apesar dos poucos registos, estudos demonstram que os sintomas de overtraining já foram observados em até 50% dos jogadores de futebol semiprofissionais, 65% dos corredores de longa distância e em 21% dos nadadores em equipes nacionais em algum momento da sua carreira profissional (Gastmann & Lehmann, 1998).

É inquestionável que a homeostase fisiológica necessita ser “quebrada”, entretanto, um descanso adequado deve ser oferecido com objetivo de favorecer a completa recuperação e conseqüentemente uma melhora na performance. Esse processo é denominado supercompensação, estágio em que o anabolismo supera o catabolismo favorecendo as adaptações fisiológicas. Saber e reconhecer o momento exato da supercompensação é muito importante, pois se a recuperação não for suficiente às conseqüências poderão levar a um estado de overtraining que pode durar meses ou mesmo anos.

O overreaching é considerado um estágio anterior ao overtraining, porém dura apenas algumas semanas e pode ser revertido com descanso adequado (Fry & Kraemer 1997), já o burnout são as conseqüências psicofisiológicas causadas pelo excesso de treinamento, e podem levar a desistência da atividade pela a falta de satisfação (Smith, 1986).

A síndrome do overtraining é caracterizada por uma disfunção do eixo hipotálamo-hipófise devido a um estresse repetitivo de natureza física ou psicológica, o que contribui para uma desordem neuroendócrina, fator principal de sua patogênese (Rogero & Tarapegui, 2005). Esse desequilíbrio pode causar uma fadiga crônica generalizada, distúrbios do humor, confusão mental, depressão, aumento do índice de enfermidades e lesão (Ghorayeb & Barros, 1999), perda do apetite, aumento da freqüência cardíaca de repouso, infecções, gripes, distúrbios do sono, desinteresse pelo treinamento (Simões, et al 2003), perda de peso, pressão arterial elevada, distúrbios gatrointestinais, e dificuldade na recuperação dos estímulos (Tourinho Filho & Rocha, 1999).

Muitos acreditam que a intensidade do treinamento seja a principal causa do overtraining, porém muitas pesquisas têm demonstrado que o aumento do volume (quantidade) é mais propício a trazer resultados negativos que os incrementos na intensidade (Gentil, 2005). Essa relação volume/intensidade tem sido alvo de muitas pesquisas nas quais a mensuração periódica das taxas de hormônios esteróides como testosterona (anabólico) e cortisol (catabólico) são freqüentemente analisadas com o objetivo de indicar se o treinamento está induzindo ou não a uma resposta adaptativa. A razão testosterona/cortisol (T/C), em suas concentrações plasmáticas, pode ser utilizada como sinalizadora do nível de anabolismo/catabolismo apresentado pelo organismo. Uma queda maior que 30% nos valores de repouso pode significar uma incompleta recuperação dos estímulos impostos (Banf et al,1993; Vervoorn et al,1991).

Em 2003, Simões e colaboradores analisaram o comportamento desses hormônios e a sua relação com o volume e a intensidade do treinamento de corredores velocistas e fundistas, comparando a razão (T/C) antes e depois de um mesociclo de treinamento. Os resultados revelaram que o grupo de corredores fundistas que realizou treinamento de maior volume apresentou maior incidência de queda na razão T/C quando comparado ao grupo de velocistas que realizou treinamento de menor volume e maior intensidade, sugerindo que a razão T/C é mais influenciada negativamente pelo volume do que pela intensidade dos treinamentos.

Diversos parâmetros têm sido avaliados e utilizados no diagnóstico do overtraining, tais como (McKenzie, 1999):
- Concentração plasmática de glutamina;
- Avaliação psicológica;
- Tempo de fadiga em exercício em ciclo ergômetro a 110% do limiar anaeróbico individual;
- Concentração de imunoglobulina A salivar;
- Elevação das proteínas musculares no plasma (glutamina, creatina quinase, mioglobina, fragmentos de miosina).
- Análise da curva de lactato
- Diminuição dos estoques de glicogênio intramuscular
- Razão testosterona / cortisol
- Resposta a estímulos elétricos

O diagnóstico do overtraining é muito complicado, não existe, ainda, nenhum critério exato, geralmente os médicos e treinadores tendem a buscar outras doenças antes que a confirmação seja feita. Apesar do overtraining ter sido descoberto na década de 1970, muitos aspectos específicos ainda não estão claros. Os investigadores estão buscando formas de determinar o que acontece aos atletas quando se inicia o overtraining. Como a condição patológica e fisiológica do corpo inteiro progride? Se estas questões pudessem ser respondidas seria possível determinar critérios uniformes de identificação capazes de prever, diagnosticar e curar com maior eficiência a síndrome do overtraining. A prevenção é a melhor solução, assim é muito importante que atletas, treinadores e médicos fiquem atentos para reconhecer os sinais de advertência antes que a síndrome se instale.

Referências Bibliográficas

BANFI, G.; MARINELLI, M.; ROI, G.S.; AGAPE, V. Usefulness of free testosterone/ cortisol ratio during season of elite FRY A. C., KRAEMER W. J. 1997. Resistance exercise overtraining and overreaching. Neuroendocrine responses. Sports Med 23(2):106-29;
GASTMANN U, KG PETERSEN, J BÖCKER, M LEHMANN (1998) Monitoring intensive endurance training at moderate energetic demands using resting laboratory markers failed to recognize an early overtrainings state. J Sports Med Phys Fitness 38: 188-193
GENTIL P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. Editora Sprint. RJ. 2005
HENRIKSSONLARSEN, K. Short-term overtraining: effects on performance, circulatory responses, and heart rate variability. Med.Sci. Sports Exerc., 32(8): 1480 – 1484, 2000.
KUIPERS, H. Training and Overtraining: an introduction. Med. Sci. Sports Exerc., 30(7):1137-1139, 1998
McKenzie D. Markers of excessive exercise. Canadian Journal of Applied Physiology. 24:66-73. 1999.
McNAIR, D.M; GASTMANN U. A; LEHMANN M. J.; Overtraining and the BCAA hypothesis. Med Sci Sports Exerc 30(7):1173-8 1998
ROGERO MM & TIRAPEGUI J. Overtraining – Excesso de treinamento. Conceitos Atuais. Nutrição e Esporte. Ano XIII. N 72. maio/Junho. 2005
SMITH RE. Toward a cognitiveaffective model of athletic burnout. Journal of Sport Psychology 1986; 8:36-50.
TOURINHO FILHO H & ROCHA CM. Síndrome de Burnout. Rev Médica HSVP. 1999; 11(24): 33-38
VERVOORN, C.; QUIST, A.M.; VERSMULST, L.J.M.; ERICK, W.B.M.; de VRIES, W.R.; THJISSEN, J.H.H. The behavior of the plasma free testosterone/ cortisol ratio during off season of elite rowing training. International Journal of Sports Medicine, Stuttgard, v.12, p.257- 63, 1991.

Hipertrofia Muscular

O processo de hipertrofia tem sua origem em um princípio básico dos organismos vivos: a auto-organização, conforme definido por Capra (2001). Ao afastarmos nosso organismo do equilíbrio ele reage por intermédio de reações complexas para alcançar novamente o equilíbrio. Por vezes, estas reações levam ao surgimento de uma nova configuração na qual o organismo estará mais apto a superar desafios semelhantes. No processo de ganho de massa muscular, os estímulos que afastariam o sistema do equilíbrio poderiam ser causados pelo treinamento de força que em princípio quebraria a homeostase e logo em seguida proporcionaria um novo estado de equilíbrio, isto é, uma musculatura maior, mais forte e mais resistente às lesões, em decorrência justamente das adaptações do organismo ao treinamento.

Os princípios que envolvem a hipertrofia estão em diversos elementos e poderiam ser facilmente descritos por intermédio de frases como “aquilo que não me mata me faz mais forte” do filósofo alemão Nietsche, ou os ditos populares “o que não mata, engorda” e, até mesmo, “o trabalho dignifica o homem”. Na verdade, o que todas estas frases significam é que os sistemas podem se adaptar às adversidades tornando-se mais capazes de suportar estresses similares no futuro.

Segundo o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Hollanda, hipertrofia é o “aumento volumétrico de um órgão ou parte do organismo, devido ao aumento volumétrico de seus componentes constitutivos”. Aplicando à nossa realidade, podemos afirmar que a hipertrofia muscular é o crescimento do músculo por intermédio do aumento do tamanho de suas fibras.

O músculo é composto basicamente de água (75%) e o principal componente orgânico é a proteína (20%). Sabendo da fundamental importância das proteínas, sua formação e manutenção adquirem um papel primordial no ganho de massa muscular. Em nosso corpo há dois processos constantes, um de construcção e outro de degradação dos tecidos, chamados anabolismo e catabolismo respectivamente, e é justamente o resultado do saldo desses processos que determinará a estructura muscular em um determinado momento. Quando há mais degradação do que construção tecidual, ocorre perda de massa muscular; quando o anabolismo supera o catabolismo, há um aumento do volume dos músculos. Este processo contínuo de construção e degradação é chamado remodelagem e ocorre de forma relativamente rápida. Guyton e Hall (2003), sugerem que as proteínas contráteis dos músculos pequenos podem ser totalmente substituídas no prazo de até duas semanas. Entretanto, para que o anabolismo supere o catabolismo, os músculos devem receber constantemente estímulos que favoreçam o aumento da massa muscular. Neste sentido, os exercícios com sobrecarga e uma dieta que forneça os nutrientes necessários devem ser realizados continuamente.

Da mesma forma que o treinamento de força pode causar hipertrofia, a falta dele leva a perda de massa muscular. O nosso organismo sempre fará o possível para gastar menos energia, então se o corpo detectar que não precisa de um músculo mais desenvolvido, que conseqüentemente gasta mais energia, ocorrerá a perda de massa muscular até o ponto em que manteremos apenas a quantidade de músculo necessária para as atividades que realizamos. Tendo em vista que as atividades modernas têm uma reduzida exigência neuromuscular, é praticamente inevitável isso ocorra.

Treino de hipertrofia.

Apesar do treinamento de força ser cercado de mitos e estereótipos, a ciência mostra o quanto a sua prescrição é complexa e dependente de vários fatores, tais como: intervalo de descanso entre as séries, intervalo entre os treinos, intensidade, número de séries e repetições, velocidade, forma de execução dos exercícios, métodos utilizados e planejamento. Além disso, é muito importante que a estruturação do treino seja ajustada e modificada continuamente com estímulos específicos capazes de favorecer a hipertrofia muscular. Por isso a participação de um professor de educação física especializado é fundamental, pois comumente encontramos pessoas que praticam musculação há anos e não conseguiram bons resultados.

O problema com a maioria dos treinos se resume em treinar muito com pouca ou nenhuma qualidade. Para solucionar esse problema propomos preocupar-se mais com o “como” fazer, do que com o “quanto” fazer. Esta preocupação qualitativa acaba por reduzir a importância de alguns fatores que antes eram supervalorizados como a quantidade de horas que se passa na academia e a quantidade de peso que se levanta em um exercício. Também deve ser considerado um dos principais fatores que levam as pessoas à não praticar atividades físicas: a falta de tempo. Se levarmos em conta que treinos extensos são menos eficientes, parece contraditório que muitas pessoas insistam em treinos excessivamente longos, passando horas nas academias, tendo em vista que será mais difícil manter a assiduidade com um programa deste tipo e os resultados serão inferiores a programas melhores planejados.

É importante frisar que um dos maiores problemas na ciência do treinamento de força está em estabelecer a quantidade ideal de treino, sempre ouvimos perguntas como: “quantos exercícios devo fazer?” ou “quanto tempo devo passar na academia?”. Invariavelmente a resposta é: “depende”. Apesar de ser impossível estabelecer a série ideal para todas as pessoas em termos quantitativos e qualitativos pode-se ter certeza que o problema com o treino da maioria das pessoas é que elas simplesmente exageram na quantidade e pecam na qualidade. Atualmente os treinadores mais conscientes e estudiosos manipulam as varáveis de modo que em poucos minutos é fornecido um estímulo eficiente para que a adaptação desejada ocorra. Artigos publicados por Kraemer em 2002, Pollock em 1998 e vários outros pesquisadores mostram que alunos iniciantes obtêm excelentes resultados com apenas uma série, direcionada para os principais grupamentos musculares, repetidas três vezes por semana.

A musculação possui inúmeros métodos e diversas formas de controlar as variáveis, dentre todas elas, a última que deve ser usada é o aumento do número de séries e exercícios. Antes disso deve-se sempre tentar melhorar a qualidade do treino. Estes dados estão reforçados no livro específico sobre o tema “Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia”, do Mestre Paulo Gentil, o qual também apresenta uma nova proposta para elaboração de treinos mais eficientes e com menor exigência de tempo. Um profissional qualificado saberá como e quando usar a estratégia correta para potencializar os resultados.

Não podemos esquecer de alertar sobre o mito de que a musculação causa lesões, diversos estudos comprovam que esta atividade é extremamente segura, para homens e mulheres de todas as idades, inclusive para pessoas idosas e frágeis (Fiatarone, 1994).

É muito comum a busca por informações em locais inadequados onde se encontra conteúdos cientificamente pobres, embasados em teorias medíocres ou mesmo no senso comum. Não será em algum website, revista ou livro de auto-ajuda que encontraremos a melhor informação, cada treino deve ser feito por um profissional especializado. Cada pessoa tem suas particularidades, que devem ser respeitadas para que haja eficiência no treinamento.


Referências Bibliográficas

AAP, American Academy of Pediatrics. Strength training by children and adolescents. Pediatrics. 107(6):1470-1472, 2001.
Asikainen TM, Kukkonen-Harjula K, Miilunpalo S. Exercise for health for early postmenopausal women: a systematic review of randomised controlled trials. Sports Med. 2004;34(11):753-78.
Capra, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 5ª edição. São Paulo : Cultrix, 2001.
Fairfield WP, Treat M, Rosenthal DI, Frontera W, Stanley T, Corcoran C, Costello M, Parlman K, Schoenfeld D, Klibanski A, Grinspoon S. Effects of testosterone and exercise on muscle leanness in eugonadal men with AIDS wasting. J Appl Physiol. 90 (6):2166-71, 2001.
Fiatarone MA, Marks EC, Ryan ND, Meredith CN, Lipsitz LA, Evans WJ. High-intensity strength training in nonagenarians. Effects on skeletal muscle. JAMA. 1990 Jun 13;263(22):3029-34.
Gentil, P. Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
Kehayias JJ, Lipsitz LA, Evans WJ. Exercise training and nutritional supplementation for physical frailty in very elderly people. N Engl J Med. 1994 Jun 23;330(25):1769-75.
Fiatarone MA, O’neill EF, Ryan ND, Clements KM, Solares GR, Nelsonme, Roberts SB, Kehayias JJ, Lipsitz LA, Evans WJ. Exercise training and nutritional Supplementation for physical frailty in very elderly people. N Engl J Med. 1994 Jun 23;330(25):1769-75.
Kraemer WJ, Adams K, Cafarelli E, Dudley GA , Dooly C, Feigenbaum MS, Fleck SJ, Franklin B, Fry AC, Hoffman JR, Newton RU, Potteiger J, Stone MH, Ratamess NA, Triplett-Mcbride T; ACSM. American College of Sports Medicine position stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine and Science in Sports and Exercise. Vol.34 n°2 pp:364-80, 2002.
Frontera WR, Meredith CN, O’reilly KP, Knuttgen HG, Evans WJ. Strength conditioning in older men: skeletal muscle hypertrophy and improved function. J Appl Physiol. 1988 Mar;64(3):1038-44.
Hgh-intensity strength training in nonagenarians. Effects on skeletal muscle. JAMA. 1990 Jun 13;263(22):3029-34.
Kraemer WJ, Hakkinen K, Newton RU, Nindl BC , Volek JS, Mccormick M, Gotshalk LA, Gordon SE, Fleck SJ, Campbell WW, Putukian M, Evans WJ. Effects of heavy-resistance training on hormonal response patterns in younger vs. older men. J Appl Physiol. 1999 Sep;87(3):982-92. Moritani T, Devries HA. Potential for gross muscle hypertrophy in older men. J Gerontol. 1980 Sep;35(5):672-82
NSCA. Youth Resistance Training: Position Statement Paper and Literature Review. Strength and Conditioning. 18(6):62-76, 1996.
Wilmore, J.H. (1974). Alteration in strength, body composition and anthropometric measurements consequent to 10 week weight training program. Medicine and Science in Sport, 6, 133-138
Yarasheski KE. Exercise, aging, and muscle protein metabolism. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2003 Oct;58(10):M918-22.
Zinna EM, Yarasheski KE. Exercise treatment to counteract protein wasting of chronic diseases. Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care. 6 (1):87-93, 2003

Manual de Nutrição no Desporto

1- NUNCA treine em jejum, ou com intervalo maior do que 4 horas entre a última refeição e o treino. Um pequeno lanche pode ser um copo de sumo acompanhado de duas bolachas de água, porém se houver tempo suficiente para a digestão, faça sua alimentação normalmente.

2- EVITE alimentos com gordura na refeição que antecede o treino, como por exemplo fritos, carnes gordas, creme de leite, queijos e presunto.

3- EVITE muitas fibras antes do treino, evitando por exemplo refeição à base de frutas, verduras e cereais integrais.

4- HIDRATE-SE sempre. O corpo só pede água quando ela já acabou. A sede é sinal de desidratação. Tome sempre aos poucos e por todo o dia.

5- SEMPRE leve água para o treino, deixe por perto um pouco de água pura. Devemos beber no mínimo 300 ml de água por treino.

6- CRITÉRIO : As bebidas isotônicas são repositoras, por isto, são indicadas após treinos e competições para REPOR as perdas de sais e líquidos.

7- SEMPRE reponha os gastos musculares, após treinos fortes prefira alimentos à base de carbohidratos, para repor o glicogênio dos músculos, como por exemplo pães, massas, arroz ou batatas.

8- MANTENHA o equilíbrio calórico. O excesso de peso corporal proveniente de gordura corporal, pode ser por ingestão aumentada das calorias necessárias, ou má distribuição entre as gorduras, os carboidratos e as proteínas.

9- AVALIE a perda de peso. A perda de peso rápida pode ser às custas de desidratação e consequentemente, perda de massa muscular. Certifique-se de que houve perda eficiente da gordura corporal, se este for o objetivo.

10- NÃO consuma suplementos sem indicação de um profissional habilitado.

Wednesday, July 12, 2006

Estructura da Proteína

O melhor período para consumir proteína

O objetivo primário de um programa de musculação é romper tecido muscular de modo que se possa reconstruir de uma forma fortalecida. Exercício, descanso, nutrição e a utilização de gordura, hidratos de carbono e proteína são variáveis cruciais se o desenvolvimento do tamanho muscular é o nosso objectivo. De facto, são principalmente o descanso e uma nutrição especialmente apropriada que ajudam a reconstruir o tecido muscular danificado, o que permite que um culturista possa suportar cargas de intensidade progressivamente maiores. Culturistas mais sérios chegaram à conclusão que a nutrição, mais do que o treino, é o fator prioritário para o crescimento.

O meio mais eficiente de utilizar as quantidades adequadas de nutrientes para uma utilização otimizada é dividindo a ingestão calórica ao longo de 6 refeições, espaçadas aproximadamente em cada 2,5 a 3 horas. Durante décadas, este método foi a base da maioria dos programas de culturistas mais sérios. Se o teu músculo não cresce, provavelmente o teu consumo de calorias é reduzido ou então estás a comer com pouca freqüência. Se é esse o teu caso, o melhor é continuar a ler este artigo! O melhor período Se deseja maximizar o teu potencial metabólico para o crescimento, reduza o excesso de treino e se previna das lesões. É tempo de aprender algo mais a respeito do melhor período para ingerir proteínas. Este período passa-se após o treino ou antes do descanso, durante o qual uma quantidade específica de proteína pode ser digerida e utilizada mais eficientemente.

O objetivo ou o uso deste período varia dependendo de que período estamos a falar: a proteína é ingerida tanto para prevenir a catabolização da massa muscular seca, como para reconstruir tecido e volumizá-lo. Um dos períodos mais significastes do dia é o que se segue ao treino. Muitos nutricionistas dizem que é imperativo ingerir hidratos de carbono nos primeiros 45 min após cada treino, de modo a estimular uma libertação elevada de insulina (isto é crucial, visto que a insulina vai estabilizar os níveis de açúcar no sangue). Este período poderá ser ainda mais importante do que as autoridades na matéria sugerem, porque pode estabelecer reservas de proteína para o anabolismo, o que induz ao crescimento muscular.

Enquanto que o corpo poderá ser razoavelmente tolerante no que diz respeito à sensibilidade à insulina, não tem contemplações no que diz respeito às necessidades protéicas. Após uma hora e meia de treino, o tecido muscular e os seus componentes aminoácidos foram rompidos e necessitam agora de absorver nutrientes para a reparação e crescimento desses tecidos. Os músculos acabaram de passar por um intenso período de expansão e contração, acompanhados por um elevado fluxo de oxigênio nos tecidos funcionais.

Esse tecido muscular necessita agora de uma imediata assistência nutricional de modo a prevenir síndromas catabólicos e a manter um balanço de reparação. Se você ingerir quantidades apropriadas de proteína ao longo do dia, as possibilidades de ficares bem após um treino serão maiores, assumindo que cada refeição foi feita dentro do seu período de tempo correto. No entanto, se és daqueles culturistas que só ingerem proteína e calorias suficientes para manter a sua massa muscular seca - quando o objetivo é aumentar a massa seca - a deficiência torna-se um ponto crítico e o período pós-treino torna-se uma oportunidade extremamente crucial para a ingestão de proteína. Ingerir proteína antes das 2 horas após o treino - ou mais cedo, se for possível - permite que se estabilize um estado anabólico pela entrega de aminoácidos essenciais e nutrientes aos músculos para reparação de tecidos.

Providenciando proteína deste modo, vai permitir que o corpo se preocupe mais com a performance do que com a "sobrevivência". Este período para a ingestão de proteína nunca pode ser falhado, se o teu objetivo principal é a musculação e o crescimento muscular.